Já falamos nesse outro post sobre os tipos de manutenção. A norma ABNT NBR-5462/1994 define a manutenção preventiva como “manutenção efetuada em intervalos predeterminados, ou
de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir a probabilidade de
falha ou a degradação do funcionamento de um item”. Consiste, basicamente, em restabelecer as condições
de fábrica do item. Tratam-se de ações realizadas a partir de um cronograma,
com periodicidade definida, sem levar em consideração o estado e condição dos
equipamentos.
Tal periodicidade é definida com base em
“gatilhos”, eventos predeterminados que definem a execução de uma ação de
manutenção. Os gatilhos podem ser categorizados em quatro tipos:
- 1- Tempo: “lubrificar mancais a cada 6 meses”
- 2- Horas de funcionamento: “lubrificar mancais a cada 1200 horas”
- 3- Produtividade: “lubrificar mancais a cada 1500 peças produzidas”
- 4- Gatilho misto: “lubrificar mancais a cada 6 meses, 1200 horas ou 1500 peças, o que acontecer primeiro”
Dentre as ações de preventiva, podemos categorizá-las em:
- 1- Inspeção: é uma ação simples, que utiliza os sentidos humanos (tato, audição, olfato, visão) para identificar alterações nos equipamentos.
- 2- Limpeza, reaperto e lubrificação: essas ações permitem que seja feita uma inspeção mais criteriosa, além de manter o equipamento em condições ideais de operação. Por ocasionar a parada do equipamento, resulta em lucro cessante (valor monetário que deixa de ser produzido por conta da parada).
- 3- Troca de componentes: deve ser aplicada somente em componentes cuja taxa de falhas está diretamente relacionada à idade. Também resulta em lucro cessante, além do alto custo com estoque para reposição.
Plano de manutenção preventiva
O plano de manutenção
preventiva é parte fundamental do Planejamento e Controle da Manutenção (PCM),
e deve ser tratado como um projeto. Primeiramente, é necessário coletar dados
sobre os processos, as equipes e principalmente os equipamentos envolvidos. Após
essa etapa, deve-se elaborar documentos como FMEA dos processos e equipamentos
e suas respectivas matrizes de criticidade. É importante ressaltar que o plano
de manutenção preventiva elaborado pelo fabricante do equipamento nem sempre é
a melhor saída. O fabricante conhece o equipamento que produz, mas não conhece
o processo em que ele está inserido. Contudo, é essencial seguir as
recomendações do fabricante em se tratando da homologação de componentes.
Resultados da manutenção preventiva
Ao contrário do que
muitos profissionais pensam, a manutenção preventiva não é o melhor cenário,
apesar de apresentar melhor custo-benefício em relação à manutenção corretiva. A
taxa de falhas se relaciona diretamente à idade em apenas 11% dos equipamentos,
portanto a manutenção preventiva apresenta resultados eficazes somente em tais
equipamentos. Um estudo feito pela NASA analisou o funcionamento de 30 rolamentos
de esferas, submetidos às mesmas condições, para determinar quando as falhas
surgiriam. O gráfico abaixo mostra o resultado:
Como se pode observar, não há uma relação entre a idade do
rolamento (número de revoluções) e as falhas funcionais. Portanto, ao se basear
o período de troca do componente à sua idade, há uma grande chance de erro. A
melhor saída é monitorar os equipamentos com técnicas preditivas e realizar as
trocas apenas quando falhas forem identificadas.
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Referências:
Planejamento e Controle da Manutenção descomplicado - Eng. Jhonata Teles Dutra
Por Sofia Chequer
Aluna do primeiro ano de Engenharia Mecânica, buscando contribuir com a transformação e desenvolvimento da indústria brasileira. Apaixonada pela ciência das inovações tecnológicas e pela arte de cozinhar e costurar.
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